sábado, 17 de maio de 2008

O ensino de Filosofia e Sociologia: perspectivas


Historicamente, as disciplinas de Filosofia e Sociologia tem sido defendida pelos educadores como fundamentais na construção da cidadania dos indivíduos. A reinserção destas disciplinas no ensino médio é reflexo dessa luta e os resultados que colheremos amanhã dependerá dos envolvimentos e empenhos neste importante processo de resgate.


Nos discursos que costumanos ouvir dos interessados neste campo do saber, fala-se muito em criticidade. Mas aí eu pergunto: o que é realmente ser crítico? Seria a criticidade apenas um exercício reflexivo ou um resultado da democracia e liberdade de expressão? Como compreender as diretrizes da criticidade sem ser arbitrário ou doutrinário? Veja que podemos traçar vários conceitos de criticidade: “pensamento crítico”, “espírito crítico”, “atitude crítica”, “análise crítica”, “senso crítico”, “sujeito crítico”, entre outros.

Somos seres pensantes, temos convicções, valores e crenças. A partir dessas especificidades, cada um de nós temos uma visão de vida e de mundo que nem sempre se assemelha às ideologias de nosso próximo. O que fazer? Que relações permitir? Como conviver? De que forma essa tão importante criticidade nos tornará sujeitos tolerantes ao alheio ou diferente, propiciando uma sociedade mais justa e igualitária? Estamos abertos às mudanças? Aceitamos o desconhecido? Respeitamos as diferenças? Se não conseguimos uma resposta, no mínimo, condizente com o que é melhor para nós e para todos, como podemos realmente exercer nosso papel de educador munidos de um saber científico e veicular o conhecimento desprendido do senso-comum e consciente de que para o ensino destas ciências, tais considerações se tornam imprescindíveis para que a prática docente se torne precisa e coerente?

Penso que todo educador deveria ser livre de preconceitos e os educadores de Filosofia e Sociologia mais ainda. Nada mais é desagradável um filósofo ou sociológo ser racista, homofóbico e intolerante em outros aspectos que envolve a existência de um outro que por ser diferente, é discriminado e rotulado como um “ser inferior” e num preconceito mais agravante, “um anormal”.

Penso que o educador deve despir-se de “verdades absolutas”, pois é o primeiro passo para estabelecer objetivos e estratégias que possam ir ao encontro das reais necessidades de nossos educandos, considerando-os como sujeitos reais e não como seres por nós idealizados. E volto a dizer que isso só acontece quando estamos livres de preconceitos, o que se torna um problema, pois não somos perfeitos e nem sempre estamos dispostos a tirar o nosso “casaco da moralidade” e pensar com mais flexibilidade sobre o que realmente é ser moralmente sociável.

O educador tem o papel fundamental de educar para a liberdade e para isso precisa oferecer critérios de tal forma que o aluno saiba usar sua liberdade de uma maneira responsável, com ações voltadas a valores (respeito, ética, responsabilidade, dignidade, etc).

Dessa forma, só uma educação voltada para a formação do pensamento crítico pode contribuir para a libertação e autonomia do sujeito. E alerto para que antes de realmente descobrir o que é ser crítico, sejamos cientes também que algo importante pode se aprender quando nos colocamos no lugar do criticado.

Saindo um pouco desta ótica, quero citar Nietzche, filósofo alemão, que em uma de suas obras, nos conduz a uma reflexão sobre o fato de educar com o instinto da águia, pois é uma ave que alça vôos sobre o perigo, sondando a realidade e buscando o melhor meio de encarar essa realidade de frente, e recusar a prática que educa para o instinto da tartaruga, que esconde a cabeça ao sinal de perigo, para nada ver, nada ouvir, nada sentir. O cidadão tartaruga é mais fácil de manipular e é o tipo de cidadão que a classe dominante gostaria que a escola reproduzisse.

Jamais podemos permitir que nossa prática docente compactue com essa realidade, reproduzindo os interesses e as ideologias das classes dominantes. Devemos promover em nossos educandos uma formação humana, ética e política, e não um alienado. É o desafio que proponho a vocês, futuros professores de Filosofia e Sociologia, que eduquem na perspectiva de desenvolver gerações de águias, geração essa que tem a coragem de contestar com firmeza as indiferenças sociais e criar soluções alternativas para uma vida melhor.


Acreditar que é possível? Viver sonhos e utopias? Por que não, se temos as armas nas mãos, ou melhor, na cabeça? Finalizo com um conto cujo autor desconheço que reforça a importância de sonhar.

"Um dia um aprendiz de filósofo chegou junto do seu velho mestre e perguntou-lhe:
-Mestre, podeis explicar-me o que é a Utopia?
O velho sorriu e apontando para o caminho em sua frente, disse:
-Estás a ver a linha do Horizonte? Caminhemos até ela!
Durante dias e noites, caminharam Mestre e aprendiz lado a lado, tão entretidos e concentrados que, quem olhasse, não saberia quem ensinava e quem aprendia.
Durante dias e noites, trocaram saberes e ideias, partilharam o que cada um sabia sobre o mundo dos homens e dos deuses, até que o aprendiz, já impaciente e um pouco cansado, disse:
-Mestre...caminhamos durante tantos dias e parece que a linha do horizonte está cada vez mais distante?!
-Sim, é verdade – disse o velho – tal como a Utopia te parece, que quanto mais caminhas para ela, mais longe está!
-Mas...Mestre!? Se é assim...para que serve então a Utopia?
-Para caminhar, meu bom amigo...serve para caminhar!..."


Moral da história:
Na vida, tenha sempre objetivos, mesmo que eles pareçam inalcançáveis.

Leonilto M. Cruz, professor da rede estadual de ensino.
Texto apresentado no I Encontro de Filosofia e Sociologia na Universidade Estadual de Roraima.
16e17 de maio/2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

O que é ética?



Falar sobre a ética é um tanto embaraçoso nos dias de hoje. A conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal, é cada vez mais intrigante... mas é necessário acreditar que há pessoas justas e éticas, e que sem elas o nosso mundo seria muito mais caótico.

O texto abaixo é da aluna Ana Paula da Silva Rosa, da 3ª série do ensino médio da Escola América Sarmento Ribeiro. Foi uma das dissertações que me impressionou pela expressividade e segurança ao lidar com um assunto um tanto esquecido.

O QUE É MESMO ÉTICA?
A palavra ética ainda se mantém fora da vivência da maioria das pessoas, que só se mantém para satisfazer sua próprias necessidades. Dizer um "Bom Dia", olhar para o outro com a satisfação de estar ali quando precisar, entre outras situações - se tornam bobagem para o homem com a chamada "perca de tempo" e essas atitudes transformam as pessoas em seres sozinhos e sem satisfação própria.

Vale lembrar daqueles indivíduos que se dizem éticos e conhecem a realidade da sociedade, mas infelizmente cruzam os braços e acabam fazendo tudo ao contrário de seu dever, contribuindo para uma nação de egoístas e amargurados.

A satisfação individual humana é algo meio que assustador, porque a humanidade só vive para se embelezar, comprar o carro do ano, fazer gastos inúteis com roupas de grife, e não se interessam em sequer olhar para o outro lado da rua... ou até mesmo para a sua família. Pessoas pedindo socorro, querendo apenas um pedaço de pão, um cobertor para aliviar o frio e um apoio de um "anjo".

Em virtude dos fatos mencionados, os verdadeiros éticos são aqueles que procuram encontrar a sua felicidade na felicidade dos outros, e os antiéticos são aqueles que não conseguem ou não querem ver a realidade e por isso terminam sem rumo e satisfação.
Ana Paula da Silva Rosa
Turma 331, Esc. América Sarmento Ribeiro.



sábado, 10 de maio de 2008

Homenagem às MÃES

10 de maio de 2008. Nesta data, milhares de mães receberão o carinho de seus filhos num gesto de gratidão àquela que ofereceu o amor e cuidados tão essenciais.
Atualmente, percebemos que o mundo precisa de amor. Os filhos precisam de amor, e amor incondicional. Os males que acontecem em nossa sociedade acontecem por falta de amor. Um coração que recebeu o amor na medida certa será incapaz de fazer o mal. Hoje em dia, deve-se amar com responsabilidade. Deve-se amar e saber dizer não quando é preciso, amar e saber ser firme e resoluto no momento certo, nada de mimo, carícia em excesso, está mais que provado que filho mimado é dor de cabeça mais tarde.

Essa poesia tem marcado minha vida e sempre lembro de minha mãezinha quando a leio. Em homenagem às mães, resolvi postá-la aqui.

"Uma mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus e muito de anjo pela incansável solicitude dos cuidados seus; uma mulher que ainda jovem, tem a tranqüila sabedoria de uma anciã e, na velhice, o admirável vigor da juventude; se de pouca instrução, desvenda com intuição inexplicável os segredos da vida e, se muito instruída age com a simplicidade de menina; uma mulher que sendo pobre, tem como recompensa a felicidade dos que ama, e quando rica, todos os seus tesouros daria para não sofrer no coração a dor da ingratidão; sendo frágil, consegue reagir com a bravura de um leão; uma mulher que enquanto viva, não lhe damos o devido valor, porque ao seu lado todas as dores são esquecidas; entretanto quando morta, daríamos tudo o que somos e tudo o que temos para vê-la de novo ao menos por um só momento, receber dela um só abraço e ouvir de seus lábios uma só palavra. Dessa mulher não me exijas o nome, se não quiseres que turve de lágrimas esta lembrança, porque... já a vi passar em meu caminho. Quando teus filhos já estiverem crescidos, lê para eles estas palavras. E, enquanto eles cobrem a tua face de beijos, conta-lhes que um humilde peregrino, em paga da hospedagem recebida, deixou aqui para todos o esboço do retrato de sua própria mãe."

Tradução do original de D. Ramóm Angel Jara Bispo e Orador Chileno

O que é a LIBERDADE?



Na vida de professor, sempre somos pego de surpresa com algo que nos chama a atenção, nos envolve pela forma da expressão e conhecimento de vida dos nossos alunos. E quando acontece de maneira sutil, quando o que se espera é o comum, e imensuravelmente belo.

Quinta série do ensino fundamental. Era uma atividade simples. Estava trabalhando os adjetivos e pedi aos alunos que falassem sobre o substantivo liberdade, empregando adjetivos correspondentes. O texto a seguir é do aluno Antônio Marcos Falcão de Oliveira, 11 anos, da escola América Sarmento Ribeiro.

" Liberdade tem muitos significados. Liberdade é sair para outro lugar, é se divertir. Liberdade é pescar comos amigos, é passear com os pais, tios e avós. Liberdade é almoçar no quintal de casa, ficar sossegado. Liberdade é andar sozinho, é andar voando... Liberdade é ser feliz... ser feliz com alguém."