domingo, 29 de junho de 2008

Homo Ignobilis


Estava lendo a revista Carta Capital de março/2008 e encontrei um artigo interessante, que trata do antiintelectualismo e do anti-racionalismo dos cidadãos de hoje. Nesse aspecto, a ignorância não é apenas sobre o conhecimento científico, cívico e cultural, como não acreditam que tal conhecimento tenha alguma importância. A tenebrosa frase "não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe" nunca foi tão popular.
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Na chamada era do conhecimento, estudantes em exames vestibulares cometem atrocidades lingüisticas, como se sofresse de anorexia intelectual. Hostilizam o saber e celebram a ignorância.Há alguns anos, uma safra auspiciosa, embalada por questões ambientais, produziu impagáveis reflexos sobre a "dificuldade de achar pandas na Amazônia", a "extinção do micro-leão dourado" e a poluição das "bacias esferográficas". Muito antes de Al Gore, nossos jovens já haviam chegado à conclusão de que a questão ambiental "é um problema de muita gravidez" e que, para resolvê-lo, não se deve preservar "apenas o meio ambiente, e sim todo ele". Em suma, como bem sumariou um luminar:"Vamos deixar de sermos egoístas e pensarmos um pouco em nós mesmos".
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Diante de tais manifestações de "exuberância intelectual", o estado das coisas nos remete a três fatores: Primeiro, as deficiências do sistema educacional, que segue prologando os anos de escolaridade, porém não gera evidências de que os estudantes estejam aprendendo mais. Segundo, a religião também contribui com o seu fundamentalismo, tendo em vista sua antipatia pela ciência. E terceiro, a influência dos liberais sobre as universidades, a promover a cultura pop, e a tornar trivial e superficial o aprendizado no ensino superior.
O que postei é uma sintese do artigo.
Carta Capital, 2/4/2008, p.17

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Mais respeito com os professores!!

A greve dos professores de Roraima foi um exemplo de coragem, raça e determinação. Todo o Estado aderiu à greve (cerca de 90% das escolas). O Governo não acreditava na força do movimento e as negociações foram desprezíveis, pois o governo não quis acordo e partiu pra repressão.
Os professores queriam aumento de 35%. 15% este ano e 20% ano que vem. O governo entrou com uma ação pedindo a ilegalidade da greve e a justiça assim decretou, sob multa de 10.000 reais por cada dia de paralisação. O setor jurídico do sindicato entrou com recurso e os professores permaneceram na greve, mesmo com a multa.
Covardemente, o Governo pediu que a multa fosse majorada em R$ 100 mil, que após 30 dias de falta os professores grevistas fossem demitidos, que os professores faltosos e especialmente os dirigentes do sindicato devessem de imediato voltar às atividades, sob pena de prática de crime de desobediência e, pôr fim, pediu autorização para que o Estado pudesse contratar professores temporários para substituir os professores faltosos.
A justiça, então, dobra o valor da multa, ordena a apreensão dos veículos (carro de som) alugados pelo SINTER e bloqueia a conta do sindicato.O movimento se torna mais forte com o apoio de vários sindicatos do estado, monção de apoio da CUT e CNTE e a população passa a apoiar a greve.
Alunos apoiaram o movimento.
Após 20 dias de greve, o governo, em audiência com a Justiça, cede e concede os 15% de aumento com retroativo a abril e 20% (ou mais) para o próximo ano. Pagará todas as progressões em agosto e prometeu cumprir as outras reivindicações (22, que trata de outros assuntos).
Sofremos pressões dos diretores de escolas, alguns professores receberam memorandos, a mídia era superficial e o Governo tentou a todo custo desmanchar a greve na base da repressão e propaganda enganosa na mídia.
Fim da greve: uma conquista histórica!
O legislativo reconheceu que a luta dos professores eram justas e no fim, os três poderes curvaram-se diante dos professores.

As imagens são do bolg: http://www.greveprofessoresrr.blog.terra.com.br/








quarta-feira, 18 de junho de 2008

GRE(A)VE

“Há mais dignidade nos grevistas do que naqueles que se queixam por tudo o que é recanto discreto ou anonimamente dos males do Governo e não tem coragem para alto e bom som dizer o que pensa e esperar os resultados.”

Não há Governo que não se abale com um movimento grevista. Uma luta de classes revela que os trabalhadores estão sendo desrespeitados no tocante aos seus direitos, embora estejam cumprindo com os seus deveres. A greve não deveria criar entre o Governo e os trabalhadores uma relação de oposição, antagonismo, e sim, uma relação de complementaridade, onde os interesses passam a ser os mesmos: condições de promover uma educação de qualidade.
O Governo realmente não é o dono do Estado, é servo do Estado, cuja função é defender os interesses da sociedade. Gostaria de saber que interesses da sociedade o Governador está defendendo, se a greve dos professores nada mais é que buscar melhores condições de trabalho que irá refletir diretamente nessa sociedade. Será realmente que o Sr. Anchieta conhece as necessidades dos alunos, que vai bem mais além de apenas ficarem quatro horas diárias numa sala? Será que ele entende que os pais querem seus filhos na escola, mas não numa escola onde mais parece um “depósito” de alunos? O governador faz visitas às escolas? Ouve os alunos? Senta com os professores? Ele já chegou numa escola no exato momento em que a merenda é servida? Ora, se o Governador é ausente e tem um secretário que só busca articulação com os gestores de escolas que são bem pagos, como pode julgar improcedente um movimento organizado que insere todos os problemas vivenciados não só pelos professores, mas pela comunidade em geral? Por que o Sr. Anchieta vive a hipocrisia de achar que o que se veicula na televisão é o que existe na realidade? Quem é que senta para dialogar com os pais nas reuniões, nos encontros de pais e mestres? Quem é que lida diretamente com os alunos? Quem está mais próximo da sociedade? Não sabe ele que os professores irão desmentir o discurso maçante que o Governo prega na mídia?


O sindicato foi sensível, baixou para 15% o aumento salarial. O sindicato sabe que 80% das reivindicações não foram atendidas, são apenas promessas. O Governo sabe que a GREVE é GRAVE. A greve é a ferramenta mais potente e legítima que uma classe tem para se defender dos agravos de um Governo insensível e parcial, e ainda que a greve seja desfeita e deixe o sindicato insatisfeito, não são apenas professores que perderão, mas também a sociedade. As vitórias/derrotas da greve não se medem a curto prazo. Ela tem um sentido ideológico, se sai vitoriosa, o social fica mais próximo, se sai derrotada, vira acumulação de forças.

Que a educação merece ser tratada com mais respeito, todo mundo sabe. Chega de disparidades, chega de falácia! Quer saber como melhorar a educação? Aprenda com os verdadeiros mestres! Então perceberás que até nesse mais simples exemplo, que é disparate informatizar escolas com computadores para os alunos antes de possibilitar ao mestre trabalhar com um. Não é assim que se constrói uma educação de qualidade.

As fotos são do blog: http://greveprofessoresrr.blog.terra.com.br/




sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Contribuição do Assistente Social

A sociedade, atualmente, é composta por uma série de atribuições profissionais que venha a suprir as necessidades dos cidadãos. As instituições governamentais e privadas, organizações não-governamentais, entre outros, são primordiais para a promoção de uma sociedade desenvolvida e com mais qualidade de vida. Médicos, professores, policiais, contabilistas, advogados, artistas, garis, entre tantos, tem o seu importante papel como elemento essencial para a organização de uma sociedade. Entretanto, é sobre o Assistente Social que iremos falar, pois também é um dos serviços tão essenciais quanto os outros, mas que tem suas peculiaridades, tendo em vista o caráter profissional e técnico prestados por esse setor.

O exercício do Assistente Social contempla-se nas mais diversas áreas sociais, daí a sua riqueza em atuação e importância para a sociedade. Os Assistentes Sociais têm como desafio principal compreender as realidades e construir propostas de trabalhos coerentes com as necessidades, capazes de preservar e tornar na prática a efetivação dos direitos dos indivíduos. Essa função é, de certa forma, uma realização gratificante, pois fortalece a autonomia dos cidadãos para que possa ser agente de transformação de sua própria realidade, sendo um sujeito ativo e participativo na sociedade em um contexto global e não individual.

Entre as diversas funções do Assistente Social, está aquela que contempla a diversidade social e a saúde. O texto “Diversidade Social e Saúde na Região do Alto Rio Negro” traz um importante estudo sobre os povos indígenas do alto rio Negro. O sucesso de um trabalho na área de Serviço Social depende do compromisso dos envolvidos, e isso significa que um diagnóstico com perfeição e soluções mais acertadas só são possíveis com um estudo detalhado das realidades que inserem as pessoas contempladas pelo serviço. É o que faz esse estudo supracitado.

O conhecimento teórico tem a sua importância. Através desse conhecimento, o Assistente Social terá uma base e fundamentará com mais eficácia a sua prática. Por isso, a sua formação deve ter como pressuposto que sua função está diretamente ligada à busca de alternativas e construção de estratégias para os problemas dos diversos segmentos sociais. Assim como o referido estudo volta-se para o campo da saúde, é notável que essa área contempla uma considerável dimensão no universo acadêmico, tendo em vista que envolve uma série de questões que instigam a busca de conhecimentos através de pesquisas e a construção de meios alternativos que favoreçam os usuários, através de uma assistência mais operante e de qualidade. O papel do Assistente Social é o papel de um protagonista, pois se projeta frente à sociedade através de metas, projeto políticos capazes de transformar a realidade da sociedade.

A pesquisa sobre os caminhos da política e da saúde no alto rio Negro, realizada em 2002 e a demografia dos povos indígenas no alto rio Negro, em 2003, nos faz compreender que a formação acadêmica do Assistente Social proporciona-lhe meios necessários à resolução da situação-social problema de cada realidade que com suas peculiaridades, requer um processo técnico através do qual seja possível estabelecer planos de intervenção para um funcionamento social mais adequado.

Essa pesquisa foi realizada de forma sistematizada, onde cada diagnóstico é delimitado e depois inserido em toda a sua problemática, relacionando com outras situações e criando então o que podemos chamar de contexto social. A problemática, objetivos e metas, como mostra a pesquisa é a base da justificativa da criação do projeto de pesquisa, em que torna possível “aprofundar o conhecimento sobre o impacto dos fatores socioculturais, econômicos, ambientais e das transformações decorrentes do contato com os brancos sobre a situação de saúde das populações indígenas do alto rio Negro.”

Após esse primeiro contato que fundamentou a necessidade de criar alternativas, a pesquisa realizou um “contato interétnico e saúde” que demonstrou a “existência de disparidades significativas no estado de saúde dos povos indígenas no Brasil”. Vê-se aqui a importância da formação acadêmica do Assistente Social, pois é a base da eficácia de uma atuação, seja ela teórica ou prática. A diversidade social e saúde pode mostrar as singularidades de cada povo, considerando o ambiente físico da doença e o contexto sócio-cultural local, pois são fatores que provocam realidades diferentes e aplicação de alternativas diferentes.

O Serviço Social lida com indivíduos. Então, é função do Serviço Social ajudar os indivíduos e resolver seus próprios problemas, quer através dos seus próprios recursos promovendo a mudança de atitude, quer através da mobilização dos recursos da comunidade. A pesquisa é o instrumento que aproxima o Assistente Social com o indivíduo, portanto a riqueza e a variedade de informações que darão suporte à pesquisa podem estar em detalhes, como no estudos de gêneros, pois desarticula qualquer interpretação errônea em relação ao desenvolvimento de doenças, bem como as atitudes relativas à saúde pessoal.

A pesquisa também nos mostra o Serviço Social remete-nos para um tipo de trabalho que pressupõe um relacionamento específico entre o assistente social e o sujeito. A variedade de métodos, como observação direta, entrevistas livres e semi-estruturadas, questionários, coletas de dados e amostragens, são exemplos dessa relação entre o técnico e o sujeito de forma conjuntiva, estabelecendo relações de confiança, interação e objetivos comuns. A partir dessa operacionalização, o projeto está praticamente montado e após as evidências nele comprovadas, é possível identificar as situações problemas e a necessidade de intervenção que efetive a solução desses problemas através de ações de profissionais e da própria comunidade.

Desse modo, podemos perceber a importância da pesquisa sócio-antropológica para tal desdobramento, através da qual compreendemos a dimensão da dinâmica política, econômica, social e cultural de um grupo social, tendo em vista que implica necessariamente o seu atual contexto, problemas e perspectivas.

Portanto, a contribuição do Assistente Social em um trabalho que contemple a diversidade social e saúde tem como pressuposto os aspectos supracitados. Os exemplos da pesquisa servem de referência e dá bases para a compreensão acerca do papel do Assistente Social e da importância de uma formação acadêmica interdisciplinar. Essa formação é que dará ao futuro profissional de Serviço Social as diretrizes de uma atuação com qualidade, que ofereça à sociedade um trabalho de intervenção frente aos problemas sociais, buscando soluções alternativas e de acordo com a realidade de cada grupo social.
É indispensável vislumbrar o papel dos Assistentes Sociais neste contexto, de forma que as práticas de trabalho em saúde demarquem e enfatizem novos desafios, postos não apenas pela estrutura social em nível macro, mas enfatizando o micro, a dinâmica da comunidade, de sua organização social e cultural, tendo em vista que os atores sociais estão inseridos em uma dinâmica em que múltiplos fatores interagem.

Referência Bibliográfica: http://www.brasil.ird.fr/article_programmes_regionaux.php3/?id_article=829


PROFESSORES de Roraima em greve!

Os professores de Roraima, desde 30 de maio estão em greve. Entre as principais reivindicações, estão o pagamento da progressão horizontal, que não recebem desde 1997, e o aumento de, no mínimo, 35% sobre o salário. O Sinter (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima) é veemente contra o aumento que o governo propõe, que é de 10%, já que as outras categorias com nível superior receberam um aumento salarial de 35 a 70%. Segundo Ornildo Sousa, presidente do Sinter, é um descaso com a classe dos professores e uma prova que o governo não tem compromisso com a Educação. No total, são 22 reivindicações do Sinter.
O movimento ganhou força e a cada dia, os professores das escolas que ainda estava trabalhando normal ou parcialmente foram aderindo à greve. Todos os municípios pararam, somente algumas escolas, cerca de 10%, estão trabalhando parcialmente.
Ornildo Sousa, presidente do Sinter (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima).

Durante a greve, a categoria se reúne frente à Assembléia Legislativa, mas também em outros locais que possa ter mais visibilidade. São realizadas passeatas, carreatas e ações simbólicas e culturais. Na quinta-feira (05), os professores fizeram um abraço coletivo em torno do prédio da Secretaria de Educação, seguido de uma grande passeata no movimentado centro da cidade, onde recebeu apoio da população ali presente.
Na noite de quinta (o5), os professores reuniram-se na principal praça da cidade (Praça das Águas), vestidos de pretos, simbolizando luto pela educação. A solenidade teve a abertura com uma oração. Em seguida, diversas apresentações, como grupos de danças, declamações de poesias, palestras, tornaram o encontro animado e participativo. Em seguida, os professores fizeram uma procissão pela praça em direção a Secretaria de Educação, todos com velas na mão e à frente, dois caixões simbólicos puxavam a procissão, que chamou a atenção das pessoas ali presentes. Ao chegar no prédio da Educação, a procissão foi encerrada com uma solenidade de forma simbólica, em que um professor, ironicamente, fazia orações não conhecidas na liturgia, como despedida do fatídico personagem, a Educação que, entregue aos políticos incompetentes, haviam causado o seu falecimento.
Próxima segunda(9 de junho), O presidente do sindicato e o Secretário de Educação foram intimados a comparecer na Justiça para uma conciliação.

A carreata da categoria, que percorreu vários bairros da cidade, teve grande apoio da população por onde passava.

Situação de algumas escolas do Interior.


Sala de aula

Sala de aula

Sala de aula
Merenda escolar

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Dependência Virtual


Eu comparo o vício à internet a uma dependência química, tanto que já existem atendimentos em clínicas que lidam com esse problema. E como é um vício, o paciente pode apresentar até síndrome de abstinência durante o tratamento, assim como as drogas. O perfil de um viciado em internet é o da pessoa que usa a rede para suprir a carência que tem na vida. Parte dessas pessoas, a maioria jovens, não tem expectativa de futuro e acabam se envolvendo com uso descontrolado da internet.

A pessoa não se torna um viciado só porque passa o dia inteiro conectado. Há pessoas que, em casa ou no trabalho, passam o dia online e usam a rede tanto pessoal como profissionalmente, e nem por isso são dependentes. O que determina o vício é o modo como se usa, a finalidade do uso.

Infelizmente, tenho uma amiga que está passando por esse problema. Ela é tão dependente do Orkut e MSN que a qualquer hora vai sofrer uma "overdose virtual" Na verdade, acho que ela já sofreu. Há tempos ela não sai com amigos reais, raramente sai de casa e prioriza os relacionamentos virtuais no Orkut e MSN.

No final do ano passado, ela conversou comigo e disse que pretendia cursar a faculdade e pediu que eu a orientasse sobre um curso bom que tivesse condições de fazer. Dentre os cursos que ela apontou, fiz referência ao serviço social. Ela me perguntou se eu iria ajudá-la durante o curso, nas orientações dos trabalhos, explicações de assunto, etc. Como não é um curso tão complexo, disse sim.

O problema é que já faz quatro meses de curso e ela não tem interesse em nada. É avessa aos assuntos, não lê, não compra um livro sequer, não faz pesquisas e sempre está esperando por mim, não para que a oriente, mas que faça para ela. Na verdade, se continuar assim, eu é que estarei me formando e ela apenas receberá o diploma.

Já conversei várias vezes com ela pedindo que controlasse o uso do Orkut e MSN, q
ue procurasse pesquisar assuntos da área na internet, lesse jornais, que mudasse um pouco a forma como usava a internet. Ela me ouve, assume que só usa o Orkut e MSN, mas não muda. É impressionante como ela fica até duas horas da madrugada conversando com amigos no MSN, pessoas que ela nem conhece na vida real. Assim que ela conecta, o seu MSN já entra automaticamente e a primeira página que abre é o Orkut. Cuidar da casa, alimentação, tudo é feito desinteressadamente. Mal tem amigos que a visita pessoalmente.

Já deixei claro a ela que está se tornando uma viciada e que isso irá comprometer em sua vida pessoal e profissional. Tenho sido meio intolerante com ela, porque é extremamente desgostoso você ver que a única coisa que a pessoa faz na rede é usar o Orkut e MSN. Tenho essa preocupação com ela, tanto que já nos desentendemos algumas vezes. Recentemente, tivemos uma discussão e ela ficou magoada. Veio falar comigo uns três dias depois.
Ela tem 20 anos, morou a vida toda no interior e agora está tendo essa chance na capital. Não gasta um centavo com aluguel, alimentação, faculdade, tudo é pago pelo padrinho dela, que é rico e se dispôs a ajudá-la, embora esteja esperando o retorno e nem imagina o que está acontecendo.

Eu sou o amigo mais próximo dela e já nem sei o que fazer. Minha última cartada será dizer a ela que não vou ajudá-la mais no seu curso, que até posso orientá-la, tirar dúvidas, mas não moverei um dedo no teclado por ela. Ela tinha dito uma vez que iria desistir caso não a ajudasse. Vou dizer que isso não é problema meu, que já tentei ajudá-la a encarar a realidade, ajuda essa que ela sempre recusou.

Já pensei em conversar com o padrinho dela, mas tenho receio porque ele é meio arrogante e conservador, não quero fazê-la voltar para o interior. E aqui, na cidade, sou praticamente o único amigo que se preocupa com ela. Pensava eu que fosse uma fase, que depois acabasse o encanto, mas pelo contrário, sua dependência é tão grande que não consegue passar nem dois dias com os pais dela no interior.

Complicado, não é?