domingo, 5 de julho de 2009

Metaplasmos do Hino Nacional: português-latim

Foi um dos trabalhos mais difíceis que já fiz no curso de letras. Não porque a atividade era complexa, mas porque não entendia o latim o suficiente para analisar metaplasmos. Daí o professor de Filologia resolve nos ferrar com um trabalho bem simples: Estudar os metaplamos do Hino Nacional, é mole??

Deu tanto trabalho que resolvi postar o resultado aqui, já que pesquisei, pesquisei e não encontrei nada. Se você usar esta atividade para complemento, sugiro que encontre alguns erros nos metaplasmos estudados, tenho certeza que encontrará vários.

A palavra 'metaplasmo', etimologicamente, significa 'mudança de forma'. A gramática define os metaplasmos como transformações fonéticas que os vocábulos sofrem durante sua evolução histórica. Os vocábulos ao passarem da língua latina para a língua portuguesa sofreram alterações que basicamente se encontram dentro de três leis, denominadas leis fonéticas.

Lei do menor esforço, tendência universal em que o falante simplifica a emissão dos sons, facilitando os órgãos do aparelho fonador.

Lei da permanência da consoante inicial, quando a palavra da língua em uso permanece igual a consoante inicial do vocábulo de origem.

Lei da permanência da sílaba tônica, onde a palavra em uso é igual àquela do vocábulo de origem.

Quando se conhece o momento do contato que permitiu à língua-fonte a entrada no léxico da língua estudada, não se apresentam etimologias anacrônicas ou misteriosas. Entre uma língua-fonte e uma língua estudada há, às vezes, línguas-ponte: assim, palavras finlandesas vieram ao português não de forma direta, mas por meio do inglês ou do francês. Quando se datam as primeiras ocorrências de uma palavra, pode-se finalmente teorizar acerca de qual língua teria originado a palavra em questão. É preciso lembrar que uma palavra pode aparecer escrita somente séculos depois de ser empregada na fala, pois a escrita é bastante conservadora. Isso é um pouco diferente hoje em dia, pois nos jornais há seções que utilizam uma linguagem tremendamente coloquial, refletindo, assim, muitas vezes, a língua tal qual se fala.

Conhecendo bem os metaplasmos, não se reconstruirão formas absurdas, nem se derivarão palavras a partir de outras sem muito rigor.Os casos de irregularidade devem ser minuciosamente estudados, quer por causa da origem culta de alguns vocábulos, quer por causa da ação analógica de outros. É preciso criar hipóteses sobre como essa irregularidade ocorreu e, se possível, explicar não só esta palavra, mas outras de comportamento parecido.

O objetivo deste trabalho é estudar as modificações composições e regras fonéticas que ocorrem em determinados vocábulos ao longo da evolução histórica de uma língua, explicando assim o significado das palavras através da análise dos elementos que as constituem, o que ajuda a compreender a etimologia de muitas palavras.

METAPLASMOS ESTUDADOS
• Audierunt (ouviram): assimilação parcial (au-ou) > assibilação (d-v) > apócope (unt-um) > ditongação (un –am)
• Ypirangae (Ipiranga): apócope (ae-a) > vocalização (y-i)
• Ripae (rio): síncope > apócope
• Placidae(plácido): apócope (ae-a)
• Heroicae (heróico): apócope (ae-a)
• Gentis (gente): vocalização (is-ie) > monotongação (ie –e)
• Validum (válido): apócope (um-u) > assimilação parcial (u-o)
• Clamorem (clamor): assimilação parcial (o-a) > apócope (em-e) > apócope (e - )
• Solisque (sol): síncope (is) > apócope (que)
• Libertatis (liberdade): sonorização (t-d) > vocaliação (is-ie) > monotongação (ie – e)
• Flammae (chama): apócope (ae-a) > palatização (fla-cha)
• Fulgidae (fulgida): apócope (ae-e)
• Sparsere (espalhar): prótese (es-s) > epêntese (lh) > apócope (re – r)
• Patrie (pátria): apócope (ae-e)
• In (em): assimilação parcial (in-em)
• Caelos (céu): apócope (los –lu) > assimilação parcial (lo-lu)> síncope (caelu-caeu) > síncope (caeu-ceu)
• Tum (teu): epêntese (tuum) > assimilação parcial (teum) > aopócope (teu)
• Fulgorem (fulgor): apócope (fulgor)
• Pignus (penhor): síncope (pinus)> assimilação parcial (penus) > apócope (pen) > palatização (nh) > paragoge (penhor)
• Vero (verdade): apócope (ver) > paragoge (verdade)
• Aequalitatis (igualdade): aférese (ae-e) > assimilação parcial (equa-igua) > síncope (qualit-guald) > sonorização (tat-dad) > assimilação parcial (tis-des) > apócope (des-de)
• Possidere (possuir): assimilação parcial (Possi-possu) > síncope (possudere-possuere) > assimilação parcial (possuere-possuire) > apócope (ire-ir
• Si (se): assimilação parcial (si-se)
• Brachio (braço): assimilação total (ch-ç) > síncope (ium-um) > desnalização (um-o)
• Forti (forte): assimilação parcial (i-e)
• Almo (alma): assimilação parcial (o-a)
• Em (o): assimilação parcial (on) > síncope (o)
• Audens (audaz): síncope (auden) > epêntese (audaen) > apócope + paragoge(audaz) >
• Offert (oferta): síncope (ofert) > paragoge (oferta)
• Ipsi (esse): assimilação total (ips-iss) > assimilação parcial (issi-esse)
• Pectus (peito): vocalização (pec-pei) > assimilação parcial (tus-tos) > apócope (to)
• Mortil (morte): apócope (til-ti) > assimilação parcial (ti-te)
• Brasilia (Brasil): síncope (brasila) > apócope (Brasil)
• Somnium:palatização (somni – sonhi) > síncope (sonhum) > desnasalização (sonho)
• Tensum (intenso): prótese (intensum) > desnasalização (intenso)
• Flamma (chama): palatização (chama)
• Vivida (vívido): assimilação parcial (a-o)
• Amorem (amor): apócope (amorem – amor)
• Ferens (favorável): epêntese (faervoris) > síncope (favoris)> paragoge (favorável)
• Ad (a): apócope (ad-a)
• Orbis (órbita): apócope (orbi) > paragoge (órbita)
• Claustrum:
• Pulchri (bonito): sonorização(p-b) > justaposição (bunitus) > assimilação parcial + apócope (bonito)
• Caeli (céu): apócope (cael) > vocalização (caeu) > síncope (céu)
• Alacritale (alacridade): síncope (tae) > sonorização (t-d) > epêntese (dade)
• Límpida (límpido): assimilação parcial (a-o)
• Splendescit (resplandece): prótese (res) > apócope ( it – i) > assimilação parcial (resplandece)
• Fulgens (fulgente): apócope (fulgen) > paragoge (fulgente)
• Crucis (cruz): sonorização (c-z) apócope (cruz)
• Plaustrum:
• Ex (e): apócope
• Propria: = própria
• Gigas (gigante): apócope (giga) > paragoge (gigante)
• Positus (posto): síncope (postus) > apócope (postu) > assimilação parcial (posto)
• Natura (natural): paragoge (naturale) > síncope (natural)
• Impavida (impávido): assimilação parcial (a-o)
• Fortisque (forte): apócope (fortis) > apócope (forti) > assimilação parcial (forte)
• Ingensque (ingente= enorme): apócope (ingen) > paragoge (ingente)
• Moles (mole): apócope
• Te (tua) : epêntese (tue) > assimilação parcial (tua)
• Magnam (magno): apócope (magna) > assimilação parcial (magno)
• Praevidebunt (prever): apócope (videbunt - vide) síncope (vide-vie) > apócope (viere – vier) > síncope (prever)
• Jam (já): consonantização (já)
• Futura (futuro): assimilação parcial (a-o)
• Semper (sempre): metástase (sempre)
• Strata ( de esterno – estendido): prótese (esterno) > síncope (esteno) > epêntese (estentito) > abrandamento (estendido)
• Mire ( admiravelmente): prótese (admire) > paragoge (admiravelmente)
• Splendidis (esplêndido): apócope + assimilação parcial (splêndido) > prótese (esplêndido)
• Sonante (sonorus – sonoro): apócope + assimilação parcial (sonoro)
• Mari (mar): apócope
• Caeli (caelum - céu): síncope + apócope (céu)
• Albo (alvo – branco): degeneração (alvo)
• Profundi (profundo): assimilação parcial
• Effulges (fulgir): aférese (fulges) > paragoge (fulgir)
• Flos (flor): assimilação
• Americae (América): apócope
• Sole (sol): apócope
• Irradiata (irradiado): sonorização (t-d) > assimilação parcial (a-o)
• Novi (novo): assimilação parcial
• Mundi (mundo): assimilação parcial
• Orbe (órbita) epêntese + assimilação parcial
• Plagis (espaço): síncope (pla – pa) > prótese (es - ) > assimilação total
• Tui (teu): assimilação parcial
• Rident (ridente):paragoge
• Agri (agreste – campo): paragoge + assimilação parcial
• Florum (flor -flores): apócope / desnasalização
• Tenent (tem – plural): apócope
• Silvae (selva): apócope + assimilação parcial
• Vitam (vida): sonorização
• Magis (mais): síncope
• Tenet (tem): apócope
• Tuo (teu) assimilação parcial:
• Sinu (seio): assimilação total
• Vita (vida): sonorização
• Amores (amor): apócope
• Aeterni (eterno): síncope (ae-a) > assimilação parcial (eterno)
• Amoris (amores - amor): síncope
• Fiat (fazer – faça): assibilação
• Symbolum (símbolo): vocalização (syim – sim) > desnasalização (um – o)
• Quod (que): assimilação parcial + apócope
• Tecum (com (prefixação) -contigo): sonorização + denasalização (cum-go)
• Laborum (lábaro): desnasalização
• Setellatum ( estrelado): prótese (s – es) > epêntese (te – tre) > sonorização (t-d) > desnasalização ( um – o)
• Dicat (dizer – diga): sonorização + apócope
• Aurea (de ouro – ouro): assimilação parcial
• Viridisque (viridis – verde): síncope + assimilação parcial
• Flammula ( de flamma - flâmula): sístole
• Ventura (futuro): desnasalização (ven – fu) > assimilação parcial
• Pax (paz): assimilação parcial
• Decusque (decoris – decoro): assimilação parcial
• Superatum (superado): sonorização (t-d) > assimilação parcial + desnasalização
• Vero (verdade): epêntese
• Tollis (toma): palatização +assimilação parcial
• Themis (justiça – temido) : paragoge
• Clavam (clava): apócope
• Fortem (forte ): apócope
• Non (não): ditongação
• Filios (filhos): palatização
• Tuos (teus): assimilação parcial
• Videbis ( vídeo – ver - verás) apócope (vide) > assimilação parcial (vede) apócope (vê – ver)
• Vacillantes (que vacila, vacilante): síncope + apócope
• Aut (ou): apócope + assimilação parcial
• Amandote: = amando- te
• Timentis (temente): assimilação parcial
• Mortem (morte): apócope