domingo, 22 de agosto de 2010

Manual de Projetos Científicos

Minha escola, assim como muitas outras, trabalha com projetos científicos escolares. Participei de um curso de iniciação científica, que me norteou nesses trabalhos, pois é preciso um conhecimento técnico na elaboração e desenvolvimento das atividades. Há vários modelos de projetos, mas mas vou disponibilizar um aqui pra quem se interessar. Você poderá usá-lo ou então fazer uma adaptação.

ESTRUTURA DE UM PROJETO DE PESQUISA
A estrutura básica dos Projetos de Pesquisa é definida pela NBR 15.287/05. No entanto, cada instituição de ensino pode promover adequações à realidade local sem desvirtuar as determinações normativas da ABNT.

O trabalho científico deve ser realizado com metodologia criteriosa, procurando solucionar problemas, mas embasado na ciência (ESTRELA e SABINO,2001).
Dentre os trabalhos científicos encontram-se as teses, dissertações, monografias, projetos de pesquisa, relatórios técnico-científicos e trabalhos escolares.

Elementos Pré-textuais
CAPA
FOLHA DE ROSTO
SUMÁRIO
Elementos Textuais
IDENTIFICAÇÃO
JUSTIFICATIVA
PROBLEMA
HIPÓTESES
OBJETIVOS: Gerais e Específicos
REVISÃO DA LITERATURA (fundamentação teórica)
METODOLOGIA
CRONOGRAMA
RECURSOS/ORÇAMENTO (opcional)
Elementos Pós-textuais
REFERÊNCIAS
APÊNDICES (opcional)
ANEXOS (opcional)



Capa: Elemento obrigatório. Nome da entidade para a qual deve ser submetido, quando solicitado; nome(s) do(s) autor (es); título; subtítulo (se houver, deve ser evidenciada a sua subordinação ao título, precedido de dois-pontos (:), ou distinguido tipograficamente); local (cidade) da entidade, onde deve ser apresentado; ano de entrega.

Folha de rosto: Elemento obrigatório. Apresenta as informações transcritas na seguinte ordem: nome(s) dos autor(es); título; subtítulo (se houver, deve ser evidenciada a sua subordinação ao título, precedido de dois-pontos (:), ou distinguido tipograficamente); tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade a que deve ser submetido; nome do orientador (e co-orientador, se houver), local (cidade) da entidade, onde deve ser apresentado; ano de entrega.

Sumário: Elemento obrigatório. Elaborado conforme a ABNT NBR 6027.

Identificação
Na identificação do Projeto devem ser especificados:
Instituição;
Tema;
Título;
Autor;
Orientador (Co-orientador, se houver);
Período.
Comparado ao título do relatório de pesquisa, o tema é, em termos gerais, o assunto da sua pesquisa. Já o título acompanhado ou não por subtítulo, se difere do tema, pois, enquanto o tema sofre um processo de delimitação e especificação, para torná-lo viável à realização da pesquisa, o título sintetiza o conteúdo do tema.
Exemplo:
Tema: Reciclagem de lixo.
Título: A reciclagem do lixo no município de Boa Vista.

Elementos Textuais
Os elementos textuais devem ser constituídos de uma parte introdutória, na qual devem ser apresentados o tema, o problema a ser abordado, a(s) hipótese(s), quando couber(em), bem como o(s) objetivo(s) a ser(em) atingido(s) e a(s) justificativa(s). No desenvolvimento, é necessário que seja indicado o referencial teórico que o embasa e a metodologia a ser utilizada.

Justificativa
Apresentar, sucintamente, as razões pelas quais o projeto deve ser desenvolvido, tanto de ordem teórica e/ou prática que justifiquem a realização de pesquisa, quanto da importância, o que pretende encontrar.

A Justificativa em um projeto de pesquisa, como o próprio nome indica, é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é relevante, sendo fundamental a sua efetivação. É aqui que o tema escolhido pelo pesquisador deve ser apresentado como algo significativo e a comprovação da hipótese precisa ser considerada de suma importância para alguns indivíduos ou para a sociedade.

Na Justificativa retomam-se o problema e o objetivo, mostrando a importância da realização e quais suas contribuições.

Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da Justificativa, de não se tentar justificar a Hipótese levantada, ou seja: tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa.
Deve procurar responder: Qual a relevância da pesquisa? Que motivos a justificam? Quais contribuições para a compreensão, intervenção ou solução que a pesquisa apresentará?
Barral (2003, p. 88-89) oferece alguns itens importantes que podem fazer parte de uma boa justificativa. São eles:
a) Atualidade do tema: inserção do tema no contexto atual.
b) Ineditismo do trabalho: proporcionará mais importância ao assunto.
c) Interesse do autor: vínculo do autor com o tema.
d) Relevância do tema: importância social, econômica, ambiental, política, etc.
e) Pertinência do tema: contribuição do tema para o debate.

Problema
O problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa. O problema é criado pelo próprio autor e relacionado ao tema escolhido. O autor, no caso, criará um questionamento para definir a abrangência de sua pesquisa. Não há regras para se criar um problema, mas alguns autores sugerem que ele seja expresso em forma de pergunta.


Hipótese
Hipótese é sinônimo de suposição. Neste sentido, hipótese é uma afirmação categórica, que tenta responder ao problema levantado no tema escolhido para pesquisa. É uma pré-solução para o problema levantado. Um problema pode ter muitas hipóteses, que são soluções possíveis para a sua resolução O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar as hipóteses levantadas, ou seja, estas são provisórias porque poderão ser confirmadas ou refutadas com o desenvolvimento da pesquisa.

Objetivos

Os objetivos devem ser claros e diretos, mencionando as informações sobre o que se pretende estudar.
Procura-se responder às seguintes perguntas para elaborar os objetivos:
a) Que perguntas específicas este estudo procura responder?
b) Quais hipóteses serão testadas?
c) Para que? Para quem?
d) Quais são os objetivos gerais?
Os objetivos devem ser elaborados com verbos mais precisos que indicam sentido único de interpretação (MARTINS, 2000)

Exemplo de verbos mais precisos: discutir, identificar, relacionar, construir, comparar, traduzir, integrar, selecionar, ilustrar, interpretar, distinguir, resumir, classificar, enumerar, aplicar, resolver, localizar, confeccionar, assinalar, escrever, indicar, descrever, caracterizar, elaborar, encaminhar, instrumentalizar, capacitar, formular, propor, intervir, participar, investigar, verificar, questionar e qualificar.

Exemplo de verbos menos precisos: aprender, conhecer, apreciar, pensar, compreender, entender, valorizar, tolerar, respeitar, familiarizar-se, desejar, acreditar, saber, avaliar, desfrutar, temer, interessar, motivar, captar, orientar, aumentar, melhorar, conscientizar, estimular, reconhecer, acertar e refletir.

Objetivo Geral
O que pretende com o desenvolvimento da pesquisa, e que resultados pretendem alcançar. O que deseja atingir, tendo em vista os problemas diagnosticados e a ação pretendida.

Objetivos Específicos
Derivam do objetivo geral. Devem explicar, de modo claro e preciso, as ações a serem desenvolvidas para se alcançar os objetivos gerais, especialmente relacionados com as hipóteses que serão testadas.

Revisão de Literatura: Pode-se desconsiderar a revisão de literatura no projeto científico escolar.

Metodologia
Os procedimentos metodológicos referem-se a um conjunto de métodos e técnicas utilizados para a realização de uma pesquisa.

Deve ser elaborado com o objetivo de fornecer uma explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa.

É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumento utilizado (questionário, entrevista etc), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, universo de amostragem, campo de pesquisa, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

Deve ser coerente com a linha teórica proposta no projeto e os objetivos a que o estudo se propõe.

Para melhor subsidiar os orientandos, os subitens seguintes resgatam classificações e conceitos associados à pesquisa e aos métodos:

Classificação dos tipos de pesquisa
Quanto aos objetivos Segundo Gil (2002), uma pesquisa, tendo em vista seus objetivos, pode
ser classificada da seguinte forma:

a) Pesquisa exploratória: Esta pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado. Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.

b) Pesquisa descritiva: Tem como objetivo primordial a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas características está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

Destacam-se também na pesquisa descritiva aquelas que visam descrever características de grupos (idade, sexo, procedência etc.), como também a descrição de um processo numa organização, o estudo do nível de atendimento de entidades, levantamento de opiniões, atitudes e crenças de uma população, etc. Também são pesquisas descritivas aqueles que visam descobrir a existência de associações entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre o candidato e a escolaridade dos eleitores.

c) Pesquisa explicativa: A preocupação central é identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo e delicado.
Quanto aos procedimentos técnicos
Segundo Gil (2002), uma pesquisa, quanto aos seus procedimentos técnicos, pode ser classificada da seguinte forma:

a) Pesquisa bibliográfica: é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Não é aconselhável que textos retirados da Internet constituam o arcabouço teórico do trabalho monográfico.

b) Pesquisa documental: É muito parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas etc.

c) Pesquisa experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.

d) Levantamento: é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Quanto o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo.

e) Estudo de campo: procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações do que ocorre naquela realidade.

f) Estudo de caso: consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.

g) Pesquisa-ação: um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986, p.14).

Cronograma
O cronograma é a previsão de tempo que será gasto para a realização do trabalho de acordo com as atividades a serem cumpridas. As atividades e os períodos serão definidos a partir das características de cada pesquisa e dos critérios determinados pelo autor do trabalho.

Os períodos podem estar divididos em dias, semanas, quinzenas, meses, bimestres, trimestres etc. Estes serão determinados a partir dos critérios de tempo adotados por cada pesquisador.

Recursos/ Orçamento
Nele são indicados todos os materiais ou equipamentos necessários para o desenvolvimento da pesquisa, tais como: despesas de custeio (remuneração de serviços pessoais, materiais de consumo, outros serviços de terceiros e encargos), despesa de capital (equipamentos e material permanente).

Elementos Pós-Textuais

Referências
Referenciar de acordo com a Norma 6023/02 da ABNT, relacionando as fontes básicas utilizadas para a fundamentação teórica do trabalho. Sugere-se no mínimo 05 (cinco) referências, sendo somente fontes das quais foram retirados textos para serem apresentados em forma de citação.

Anexos
Anexos são elementos complementares e opcionais ao projeto que não foram elaborados pelo pesquisador. Os anexos são textos de autoria de outra pessoa que não o pesquisador. Por exemplo: mapas, documentos originais, fotografias feitas por outra pessoa.

Apêndices
Assim como os apêndices, os anexos só devem aparecer nos projetos de pesquisa se forem extremamente necessários. Apêndices são elementos complementares e opcionais ao projeto e que foram elaborados pelo pesquisador. Aqui entrariam, por exemplo, questionários, formulários de pesquisa de campo ou fotografias feitas pelo próprio pesquisador.


Referências:





sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Como baixar filmes que pedem cadastro com apenas um endereço (http)

Recentemente, queria baixar um filme e pensei que a rotina seria a mesma. Ou o link era direto e sem frescura, ou pedia cadastro de celular, com link invertido ou não. Mas dessa vez, me deparei com algo novo, fato que tem gerado dor de cabeça para alguns que não sabem como baixar evitando o cadastro.

E mais uma vez encontrei a solução. Tão simples que você vai dizer: como não pensei nisso antes?
Então vamos lá:

Ao clicar no suporte armazenamento que você quer usar para fazer o download, digamos que o link seja esse: http://www.cachorrolouco.net/newlink/?go!aHR0cDovL3d3dy5tZWdhdXBsb2FkLmNvbS8/ZD0wRTBJV1k4Wg==
É o link chato, que pede cadastro de celular via SMS.
Como não há dois endereços, então você acaba desistindo. Vá para a página do filme ou do álbum musical que você quer baixar. Clique com o mouse direito no suporte que você usará para fazer o download e depois, com o mouse esquerdo, clique em "Copiar endereço do link", como mostra a imagem abaixo:
Depois disso, cole na barra de endereço. Deixe apenas o segundo endereço (http), como mostra a próxima imagem.
Depois que você deixou apenas o segundo http, dê enter. Se o filme ou album músical estiver realmente armazenado, vai abrir a página de download e pronto, logo  você estará usufruindo do que baixou.

Obs. Usei o Megaupload como exemplo, mas funciona como qualquer outro suporte. Se era isso que você buscava ou conhece um outro meio, compartilhe conosco deixando o seu comentário.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

As novelas das oito e a família brasileira


“Quando nada mais nos assusta, nos incomoda, quando os nossos olhos já não tem mais a sensibilidade do discernimento e o banal se torna normal, não é o mundo que está perdido, somos nós que nos perdemos no mundo”. (Léo Cruz)

Desde quando a televisão passou a ser o meio de comunicação mais influente na sociedade, as famílias brasileiras dedicam parte de seu tempo para assistir a programas preferidos e no horário nobre, o Ibope mostra que a maioria acompanha, capítulo por capítulo, as novelas da Rede Globo.

Quem nunca assistiu a uma novela? Quem nunca se envolveu com cenas emocionantes? Quem nunca reproduziu algo criado pelas novelas, como uma frase de efeito, um costume ou uma tendência? O que seria da família brasileira sem essas novelas, ou melhor, como seria?

É comum ver nas novelas das oito a degradação do comportamento humano, os desvios escabrosos do mundo moderno em meio à liberdade de expressão. Na televisão, a disputa pela audiência faz das novelas das oito uma exposição licenciosa que agride a família brasileira.

É impressionante como essas novelas tem a capacidade de se superar no quesito destruição familiar. A fidelidade morreu, a traição é comum e excitante pela banalidade dos encontros fortuitos. A mulher é vista como um objeto e o homem, um negócio lucrativo. A leviandade marca os personagens, a maldade dá prazer, a devassidão parece apocalíptica, fria, insensível e desumana.

Usar um tema que gera cidadania, também recurso das tramas, nesse caso, parece pretexto. É o discurso batido de que as novelas retratam a realidade. A família brasileira não é isso. A traição não é de todos, não temos tempo para tramar intrigas e nem destruir os outros, o pobre nem sempre tem o café da manhã à mesa, ao contrário dos pobres da novela. Esses são alguns exemplos de que os fatos que se assemelham ao que vemos nas tramas globais são mera coincidência, não representam a realidade.

Todavia, as novelas fazem acreditar que a realidade é essa mesma, a que está lá, nos capítulos imperdíveis, porque martela nossas crenças, confunde nossos valores, deturpa nossos conceitos, transformando-nos em meros reprodutores de sua filosofia de estilo de vida livre. É a imposição do padrão de comportamento e aculturação da família brasileira. Como conseqüência, está a perda de valores morais e sociais, inclusive pelas gerações futuras.

Nessa cultura do pão e circo, é preferível que a família fique com o entretenimento e não veja assuntos que afetam diretamente as nossas vidas, como é o caso das propostas dos candidatos à presidência no debate da TV Band. Por isso, poucos percebem a sutileza da Globo ao mudar o jogo da Libertadores entre São Paulo e Internacional para o dia do debate. Quem tem interesse pelo analfabetismo político e por quê? Na disputa pela audiência, em que o futebol tem dez vezes mais a preferência do eleitor, manipular é tão fácil quanto tirar um doce de criança.

Minha idéia não é apontar soluções, pode ser que alguns até discordem de mim. Apenas proponho ao telespectador que, além de acompanhar as novelas globais, principalmente as do chamado horário nobre, estude-as também. Analise as mensagens, os conceitos transmitidos pelas personagens, os costumes que acabamos por reproduzir. Então, talvez tenhamos uma melhor compreensão do que é saudável às nossas famílias e até que ponto esse modelo de entretenimento que entra nos lares há décadas tem causado mais danos que simplesmente entreter.