quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Viagem ao Forte São Joaquim - Boa Vista / Roraima


Relatório produzido por Leonilto M Cruz - UFRR

5 de outubro de 2012. Às 6 horas e 45 minutos da manhã, cheguei à beira do Rio Branco no local conhecido como Marina Meu Caso, juntamente com minha colega de curso Luziane, seu filho e meu amigo José Salazar. Havia uma leve brisa e o céu estava parcialmente nublado, o que indicava que a viagem seria tranquila e o sol do verão não castigaria tanto. Após a chegada do professor Eliakin e de sua amiga norte-americana, que aproveitava a ocasião para conhecer o Forte São Joaquim, decidimos aguardar alguns minutos e esperar outros colegas que ainda não haviam chegado. Com a saída programada para 7 horas e em virtude do atraso, o professor decidiu começar a viagem, mesmo sem todos os alunos. Saímos às 7 horas e 22 minutos com um grupo formado por 7 pessoas e o barqueiro, responsável e pago para nos levar ao Forte.

                A viagem de ida é contra a correnteza do Rio Branco. Aos poucos a cidade de Boa Vista, capital de Roraima, se distanciava e podíamos ver mais atrás em direção ao curso do rio, a Serra Grande que fica no município do Cantá. Passamos pela boca do Rio Cauamé, lado direito para quem sobre, às 7 horas e 32 minutos. Pode-se perceber o encontro das águas deste rio com o Rio Branco, pois as águas do Cauamé são mais limpas, num tom esverdeado, e as águas do Rio Branco são mais escuras.

                Às margens do rio fica a mata ciliar e algumas espécies nativas estão florescidas. O professor Eliakin observou que seria um tipo de primavera roraimense, por estarmos no mês de setembro e algumas árvores florescem nesse período. Ao longo do percurso e próximo ainda à Boa Vista, redes velhas de pescas estão presas em galhadas às margens do rio, e uma bem acima do nível do rio, revelando traços da grande enchente do ano anterior. Grupos de amigos ou famílias com mantimentos e utensílios de pescam eram vistos ao longo do rio, alguns com redes de dormir armadas, indicando que passariam o dia inteiro ali. Durante o verão, o rio baixa e longas praias se formam, fazendo com que o barqueiro conduzisse o transporte, às vezes, em zigue-zague, para evitar que ficássemos encalhados em algum ponto do rio. Também se vê grandes barracos às margens, e raízes retorcidas de árvores que dão o seu jeito para continuar em pé à beira do rio. Uma grande rede de pesca estava estendida entre as margens do rio e junto a ela, um pescador em sua canoa.

                Às 8 horas, chegamos à entrada do Rio Água Boa, que fica do lado direito para quem sobe. A viagem segue e áreas particulares também compõe a paisagem. Uma delas chama a atenção por uma capela construída às margens do rio e que pode ser vista de longe, indicando a religiosidade daquele domínio. Às 8 horas e 57 minutos, nos deparamos com o Rio Tacutu à direita e o Rio Uraricoera, à esquerda. Neste ponto se inicia o Rio Branco, formado pela junção dos dois rios.

                Chegamos ao Forte São Joaquim às 9 horas e 5 minutos. Tivemos que desembarcar na praia e caminhamos uns 300 metros até chegar à margem direita do rio Tacutu, onde fica o Forte. O abandono do local causa, de certa forma, uma tristeza por ver um importante registro histórico abandonado, tomado pelo mato e em área particular. Em 1775, deu-se início a construção deste Forte, que foi concluído em 1788. Marca o início da ocupação das terras em Roraima pelos portugueses.

O professor chamou a atenção para as construções recentes, que não deviam fazer parte do cenário, como o portal com o nome do Forte e uma construção para a acomodação do canhão, construída com pedras e cimento. Mesmo tomado pelo mato, o local pode ser explorando e ainda há formações de pedras que compõem o muro de proteção e a entrada do Forte. O local é bastante castigado pela ação do homem. Às 9 horas e 43 minutos, saímos do Forte são Joaquim e seguimos viagem em direção a Fazenda São Marcos, hoje área de reserva indígena São Marcos.

A Fazenda São Marcos foi construída em 1799 pelo comandante do Forte São Joaquim, capitão Nicolau de Sá Sarmento. Às 10 horas, chegamos à Fazenda. O local é habitado por famílias indígenas. Bastante castigado pelo tempo e pelo abandono, uma capela, um casarão e uma antiga caixa d’água compõem a riqueza do local.  Pedras utilizadas na construção do Forte São Joaquim foram retiradas para a construção do alicerce do casarão.

Paramos para um farto lanche feito em cima de uma canoa emborcada, debaixo de uma grande mangueira e, às 10 horas e 41 minutos, saímos da Fazenda para fazer o percurso de volta, desta vez mais rápido porque é descendo o rio. Às 11 horas e 40 minutos, entramos uns 400 metros na boca do Rio Água Boa para um banho em sua água limpa e transparente. 10 minutos depois, seguimos viagem de volta à Boa Vista e chegamos ao Marina Meu Caso, local de embarque, às 12 horas e 11 minutos.
Imagem do percurso realizado
Formação do Rio Branco
Vista aérea da Fazenda São Marcos 
Marina Meu Caso - local de embarque
Marina Meu Caso - Saída
Vista da Serra Grande ao fundo
Primavera Roraimense
Pescador - rede estendida ao longo do rio
Aspecto de grande parte das margens do Rio Branco
Entrada do Rio Água Boa à esquerda
Pessoas pescando nas margens do Rio Branco
Capela em propriedade particular
Construção recente - não paz parte do Forte São Joaquim
Muro de proteção construído com pedras
Área frontal do Forte
Área Frontal do Forte
Construção recente - não faz parte do Forte
Fazenda São Marcos - Capela

FSM - Casarão

FSM - Entrada do Casarão

FSM - área dos fundos do casarão

FSM - frente do casarão

FSM - Caixa d'água
Professor Eliakin Rufino e alunos da disciplina Literatura em Roraima - UFRR

2 comentários:

  1. Luiz, ninguém toma conta do local e as visitas não precisam de autorização. Tanto o Forte quanto a Fazenda são locais abandonados, revelando o descaso do Governo com o patrimônio histórico. No Marina Meu Caso há quem leve até o local, é só contratar.

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